No último dia, 20/09, foi a vez de Aracaju receber nossa Roda de Leitura e a Coleção Regionais – A inclusão através da cultura brasileira em suas expressões, durante a segunda edição do Encontro de Leitura Inclusiva de Sergipe, no mirante da Treze de Julho.
Com a participação da nossa articuladora Ana Paula Silva, o evento fez um mergulho no diálogo e experiências literárias inclusivas, como rodas de leitura com audiodescrição e interpretação em libras e atividades como a trilha da inclusão, além disso, a edição proporcionou um estande sensorial, um jardim com plantas, sementes, frutos e atividades que auxiliaram à desenvolver os sentidos dos participantes.
Segundo organizadores, cerca de 150 pessoas com deficiência participaram do evento, dentre elas Maria Verônica Esteves, 62 anos, que compartilhou suas recentes experiências com a leitura e história de vida, e encheu o público de emoção. “Mesmo sem professor de braille, comecei a aprender há cerca de oito anos, em Boquim, minha comunidade (cidade ao sul de Sergipe, cerca de 84 km da capital Aracaju), com livros religiosos, ao lado dos meus amigos e familiares. Foi muito bom saber que eu poderia contar com eles, e hoje eu conto as histórias que consigo ler para todos”, explica.
“A Verônica é uma mulher de um senso de humor e garra que me impressiona. Ela aprendeu braile aos 54 anos, mas não sabe escrever, só ler. No evento ela ganhou um curso e vai aprender a escrever agora. E graças a Fundação Dorina Nowill e ao projeto Rede de Leitura Inclusiva temos a oportunidade de ampliar o acervo de livros para ela e outros aqui em Boquim, e, podemos explorar nossa cultura. Ah, posso contar? Quando vi a caixa da Coleção Regionais até pulei de alegria”, conta empolgada Maria Caitana Lima Mota da Biblioteca Pública Municipal Hermes, de Boquim.
O RESPEITO À DIVERSIDADE
Um dos principais objetivos do encontro além de ampliar o acesso a leitura foi respeitar toda a diversidade humana, colocar em pauta e apresentar as formas, como os livros com texturas e a audiodescrição, que são partes de um processo de construção de imagens através das palavras para as pessoas cegas. Porque mesmo no braile, as ilustrações precisam ser ditas.
“Vejo essas ações como uma grande colaboração para acessibilidade ao conhecimento, não apenas para as pessoas com deficiência visual, mas para toda a sociedade”, conta a Professora Dra. Rita de Cácia Santos Souza, da Universidade Federal de Sergipe. E completa. “O que mais me chamou atenção na edição foi a forma como jovens e crianças se encantaram com a leitura acessível, pois durante a contação de história havia o contador em português, o intérprete de libras, o livro em braile e recursos pedagógicos táteis de elementos da história”, finaliza.