“Não sabia que existia uma lei me dando o direito de receber livros das editoras em formato acessível”

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
demonstração

A frase é de Nayara Dionysio, 23, acerca do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que entrou em vigor no começo de 2016. Nayara tem baixa visão e soube que contava com esse direito durante a oficina A Leitura Inclusiva e o Livro Digital Acessível Daisy, promovida pela Fundação Dorina Nowill para Cegos, no dia 18 de maio, na Secretaria de Educação de Araraquara.
A jovem é estudante de psicologia e estagiária no Núcleo de Atendimento a Pessoas Especiais (NAPE), em Botucatu. Ela explica que, em seu campo de atuação, é necessário ler muito e, por quase não encontrar livros de psicologia em fonte ampliada, teve de forçar a vista durante o curso. “Nasci com toxoplasmose congênita e, clinicamente falando, tenho 15% de resíduo visual em cada olho, mas, por sorte, sempre estimulei bastante esse resíduo desde a infância”, conta Nayara. Durante a oficina, a estudante testou pelo celular o aplicativo de leitura criado pela Fundação Dorina para o formato Daisy, o DDReader, e apreciou os recursos de contraste da letra e ampliação da tela oferecidos pelo programa.Descrição de imagem: Foto de Maria Helena, fundadora da Para-DV, em uma sala. Ela está em pé, atrás de uma mesa com artigos de escritório. Maria Helena é branca, tem cabelos curtos e castanhos. Usa óculos de grau e brincos pequenos, camisa azul e calça jeans.
Desta vez, a oficina contou com a parceria da Associação para o Apoio e a Integração do Deficiente Visual (Para-DV). Maria Helena, 61, é pedagoga e coordenadora administrativa da associação e atuou à frente dessa parceria, que, na verdade, representa só a página mais recente da história que a educadora tem com a Fundação Dorina.
Tudo começou com seu filho Alex, que nasceu com deficiência visual total. Na época, Maria residia na capital paulista e, após o filho completar dois anos, passou a levá-lo à Fundação Dorina para que ele se desenvolvesse apesar da cegueira. Quando Alex completou quatro anos, porém, mudaram-se para Araraquara e enfrentaram todo o despreparo que ainda existia para a inclusão de uma pessoa com deficiência visual, do ambiente escolar a tantos outros. “Foi bem difícil, mas nos adaptamos e, em setembro de 1995, com o apoio de pais, amigos e profissionais dedicados à pessoa com deficiência visual, fundamos a Para-DV”, relata Maria. Hoje, Alex, que também esteve presente à oficina, tem 27 anos, é paratleta de natação – competindo, inclusive, no exterior – e professor de Educação Física na Para-DV.
Enquanto pedagoga e mãe que acompanhou de perto a formação do filho com deficiência visual por meio dos recursos disponíveis na infância do garoto, Maria vê no DDReader um grande aliado no processo de alfabetização, complementando o que já é ensinado com o sistema Braille. “Com a possibilidade de inserção da leitura em voz humana junto ao texto acessível, fica mais fácil trabalhar os sons das letras com as crianças de um jeito interativo”, explica a educadora.Descrição de imagem: Foto de uma sala com aproximadamente dez pessoas. Todas estão sentadas em cadeiras espalhadas no espaço e utilizam o Daisy pelo celular.
Acesso à leitura
Além do direito de solicitar livros em formato acessível às editoras, como prevê a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), as pessoas com deficiência visual podem contar com projetos como o Leitura Digital Acessível para o acesso à novos títulos. A iniciativa prevê a entrega de kits com 12 títulos a mil instituições do estado de São Paulo – entre escolas, bibliotecas e associações. A boa notícia é que os 12 títulos já estão disponíveis, na íntegra, no portal de livros da Fundação Dorina, o Dorinateca. Trata-se de um espaço voltado exclusivamente a pessoas com deficiência visual e a instituições como as contempladas pelo projeto. Se corresponde ao perfil e ainda não tem seu cadastro, crie uma conta e aproveite a leitura!